De 19 a 26 de setembro de 2015 acontece a Semana da Dislexia, uma campanha com o objetivo de promover a conscientização, a difusão de informações, além de servir como alerta à população e aos profissionais das áreas da saúde e educação quanto aos sinais do distúrbio e a importância do seu diagnóstico. O tema da campanha deste ano é “Transformação”, valorizando o indivíduo na sua evolução.
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), acredita-se que cerca de 5% a 17% da população mundial seja disléxica. De acordo com a literatura, os sintomas podem aparecer desde o período pré-escolar: dispersão, fraco desenvolvimento da atenção e da coordenação motora, dificuldade com quebra-cabeças, falta de interesse por livros impressos, entre outros. Dentre os sinais presentes na idade escolar, menciona-se: dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita, dificuldades com os sons das palavras, dificuldade na coordenação motora fina e/ou grossa, desorganização geral, constantes atrasos na entrega de trabalho escolares, escrita incorreta, omissões de letras e/ou sílabas, e outros.
Para a ABD, a dislexia deve ser diagnosticada por equipe multidisciplinar formada por fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos, médicos, além da participação de professores que fazem parte do contexto escolar da criança. Visto isso, é fundamental que a escola e todos os profissionais envolvidos tenham um olhar atento à criança que apresenta dificuldades escolares. É preciso considerar que a linguagem envolve tentativas, instabilidades, erros e acertos, e muitos dos sintomas considerados patológicos podem representar o próprio processo de apropriação da escrita da criança. Além disso, deve-se ter cuidado ao delegar exclusivamente ao aluno a responsabilidade pelo seu fracasso escolar, ao considerar a presença da patologia que o coloca em posição de limitação ou inaptidão. É importante ter claro o conhecimento de diversos fatores sociopolíticos e econômicos de que também podem estar relacionados a tal fracasso, tais como problemas no sistema educacional, pouca estimulação do meio familiar, baixos salários dos professores e ensino precário, pouca motivação e estímulo à leitura entre outros aspectos que podem contribuir para a dificuldade da criança, não estando necessariamente associada a uma patologia.
Assim, observa-se o quanto é complexo o processo de identificação desse distúrbio e como é importante avaliar e investigar todos os fatores para o adequado diagnóstico e tratamento. Nesse sentido, a ATEAL, no setor de Reabilitação das Pessoas com Distúrbios da Comunicação, conta com uma equipe multiprofissional capacitada a realizar a avaliação e o tratamento dos distúrbios da aprendizagem, dentre eles a Dislexia. E em parceira com o NEP – Núcleo de Estudos e Pesquisas da ATEAL, durante toda a Semana da Dislexia serão realizadas atividades voltadas para os pacientes, pais e acompanhantes que frequentam a instituição, divulgando tais questões por meio de orientações, vídeos educativos, realização da Parada Literária, apresentação de filmes relacionados ao tema e diversas ações para promover a disseminação de conhecimentos e esclarecimentos sobre a Dislexia.
A ATEAL acredita que tais abordagens contribuem para o desenvolvimento pleno de nossas crianças e adolescentes e, seguindo os preceitos da campanha, o olhar cuidadoso para esses indivíduos os valoriza em sua evolução, promovendo a verdadeira Transformação.
Profa. Dra. Camila Miranda Loiola Barreiro
Pesquisadora do NEP – Núcleo de Estudos e Pesquisas da ATEAL