Semana da Dislexia

De 14 a 20 de outubro acontece a Semana da Dislexia. O evento, incentivado e promovido pelo Instituto ABCD, tem o objetivo de promover a conscientização, a difusão de informações e além de servir como alerta à população e aos profissionais das áreas da saúde e educação quanto aos sinais do distúrbio e a importância do diagnóstico precoce. A Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem e compromete diretamente as habilidades de leitura e escrita da criança. É uma condição genético-neurológica que interfere no rendimento escolar, frequentemente envolvendo déficits na decodificação fonológica, soletração e ocorre apesar da adequada instrução formal recebida, da normalidade do nível intelectual e da ausência de déficits sensoriais(1). Estima-se que a dislexia afete em torno de 5% a 10% de escolares (1-4). A literatura (5,6) aponta que alguns sinais da dislexia se evidenciam nesse período e se referem à:

• Fala ininteligível;
• Imaturidade fonológica;
• Redução de léxico;
• Dificuldade em aprender o nome das letras ou os sons do alfabeto;
• Dificuldade para entender instruções, compreender a fala ou material lido;
• Dificuldade para lembrar números e palavras em sequência;
• Dificuldade para lembrar sentenças ou estórias;
• Atraso de fala;
• Confusão direita-esquerda, embaixo, em cima, frente-atrás (palavras-conceitos);
• Dificuldade em processar sons das palavras;
• História familial positiva de problemas de fala, linguagem e desenvolvimento da leitura.

É importante que professores, pais e responsáveis estejam atentos ao desenvolvimento da linguagem expressiva e receptiva das crianças desde o início da alfabetização e que procurem atendimento especializado frente à identificação e detecção dessas dificuldades. O diagnóstico correto dos transtornos de aprendizagem é o ponto de partida para garantir que a criança e sua família tenham acesso a acompanhamentos mais adequados e eficientes. Portanto, quanto mais cedo for identificada a dislexia, melhores serão os resultados alcançados.
A ATEAL, no setor de Reabilitação em Distúrbios da Comunicação, conta com uma equipe multiprofissional capacitada a realizar a avaliação e o tratamento dos distúrbios da aprendizagem, dentre eles a Dislexia. Há também uma preocupação quanto ao aprofundamento técnico e científico na área. Dessa forma, uma das pesquisas em desenvolvimento no NEP – Núcleo de Estudos e Pesquisas da instituição destina-se ao estudo genético da Dislexia, com o objetivo de avaliar os genes e lócus candidatos em indivíduos com diagnóstico do transtorno, na faixa etária de 8 a 14 anos, assim como mapear novos genes e lócus envolvidos nessa condição.

DISLEXIA: Como os pais podem ajudar?
Os transtornos da aprendizagem tem impacto negativo na vida das crianças e jovens, bem como de seus familiares. A pessoa disléxica geralmente tem um histórico de fracassos e cobranças, o que gera frustração e graves consequências emocionais.
Frente a esse cenário, a Associação Nacional de Dislexia recomenda algumas orientações para que pais e familiares possam contribuir positivamente no sucesso do tratamento de suas crianças/adolescentes (7):

Seja positivo:
• Informe-se sobre o desempenho de seu filho e os melhores caminhos para ele;
• Procure o profissional adequado para ajuda-lo. Os pais devem participar juntos desta tarefa.

Seja paciente e perseverante:
• Ter um bom relacionamento com os professores e discutir o problema com eles; ensinar o filho a fazer coisas por si próprio; ensiná-lo como se organizar; ser paciente com os seus progressos são atitudes fundamentais para o sucesso no tratamento.

Seja atento:
• A criança disléxica pode ter alguns desapontamentos, como ser chamada de boba ou preguiçosa. Por isso, preste atenção aos sinais de stress, como enurese ou introversão. Não pense que necessariamente todos esses sinais são por causa da dislexia. Seu filho está crescendo e pode ter problemas como qualquer adolescente. Deve haver uma intervenção gentil, mas com firmeza;
• Não o deixe desistir;
• Sua criança é disléxica e depende muito de sua atenção. Mas não dê mais atenção a ela do que aos outros membros da família;
• Nunca compare crianças.

Seja prático:
• Qualquer que seja a idade de seu filho, leia para ele. Muitos disléxicos não compreendem o que estão lendo e é quando você deve agir;
• Desenvolva o interesse dele por arte de um modo geral (teatro, música, arte e música);
• Assista TV, vídeos com ele e depois converse sobre o que viram;
• Incentive as atividades livres;
• Elogie, motive, informe e estimule sua auto confiança e sua autoestima.

Referências
1. Diagnostic and statistical manual of mental disorders: DSM-IV. 4th ed. Washington: American Psychiatric Association; 2000.
2. Berger M, Yule W, Rutter M. Attainment and adjustment in two geographical areas. II – The prevalence of specific reading retardation. Br J Psychiatry. 1975;126:510-9.
3. Capellini SA. Eficácia do programa de remediação fonológica em escolares com distúrbio de leitura e distúrbio de aprendizagem [tese]. Campinas: Faculdade de Ciências Medicas da Universidade Estadual de Campinas; 2001.
4. Ciasca SM, Capellini SA, Tonelloto JMF. Distúrbios específicos de aprendizagem. In: Ciasca SM, organizadora. Distúrbio de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003. p. 55-66.
5. Harrison, A. G., Edwards, M. J. and Parker, K. C. H. (2008), Identifying students feigning dyslexia: preliminary findings and strategies for detection. Dyslexia. 2008; 14(3):228-46.
6. Lobier M, Valdois S. Developmental dyslexia and intervention methods: assessment criteria. Neuropsychol. 2009; 1(2):102-9.
7. Associação Nacional de Dislexia. Como os pais podem ajudar? [acesso 2013 Out 15] Disponível em: http://www.andislexia.org.br/

Camila Miranda Loiola-Barreiro
Pesquisadora do NEP