Matéria postada em 18/04/2018 05:00
As entidades assistenciais de Jundiaí perderam arrecadação desde que houve a alteração no sistema de repasse de créditos da Nota Fiscal Paulista, no início do ano. Há 22 anos cuidando de crianças com câncer, o Grendacc (Grupo em Defesa da Criança com Câncer) recolhia em torno de 70 mil cupons por mês e arrecadava R$48 mil no mesmo período, segundo o administrador Gilberto Butalo. “Quando mudou a arrecadação caiu para R$1 mil dessa maneira”, lamenta.
A mudança aconteceu em janeiro deste ano. Antigamente, as instituições distribuíam “caixinhas solidárias” para o consumidor depositar as notas fiscais, que eram recolhidas e registradas nos próprios CNPJs (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) Agora, o próprio consumidor deve lançar o cupom no sistema. “Era mais fácil colocar na caixinha, pois é difícil alguém digitar”, comenta Gilberto, que ainda disse não trabalhar mais com a verba de notas fiscais. “Agora, temos que ter criatividade para arrecadar. Vender produtos, intensificar eventos, entre outras ações.”
Na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) a queda também foi sentida. “Ainda não conseguimos dizer valores, mas já percebemos que as doações caíram bastante pelo aplicativo”, afirma a coordenadora administrativa, Priscila Rodrigues. Ainda segundo a coordenadora, a arrecadação com esse sistema girava em torno de R$ 100 mil ao longo do ano. E ajudava a abater os custos mensais de R$500 mil que a entidade tem. “Tivemos um trabalho interno forte para que fizessem a doação pelo aplicativo, mas o retorno não está sendo positivo. A cultura do brasileiro é de não guardar os cupons.”
Também apostando em campanhas de conscientização, a Ateal (Associação Terapêutica de Estimulação Auditiva e Linguagem) espera não ter declínio nos donativos. “Desde o começo do ano já explicamos para os pais doarem pelo aplicativo. Ainda não sentimos em números, mas percebemos que há mais aceitação da população em doar dessa maneira”, comemora a responsável pela administração da entidade, Isis Stella Parmezzano, que disse ser fundamental receber esse dinheiro para a compra de aparelhos auditivos que diminuem a fila de espera da instituição.