Jornal Bom Dia – Rotarianos são exemplos de amor ao próximo

Membros do clube contam sobre desafios e prazeres de se dedicar a uma causa especial

Por: Michele Stella
michele.stella@bomdiajundiai.com.br

Aos 18 anos, Carolina dos Santos Vacchi é uma jovem como várias outras na mesma faixa etária. Ela tem dúvidas sobre a carreira a ser seguida, faz cursinho e orientação vocacional, gosta de viajar, tem vários amigos e muitos planos para o futuro. Mas ainda encontra tempo para se dedicar ao próximo. E não se trata apenas de realizar um trabalho voluntário aqui e outro ali ou, então, dar um prato de comida para um morador de rua passando fome. Carolina está engajada com um projeto a ser levado para a vida toda: é integrante e uma das fundadoras do Interact Club em Jundiaí, programa vinculado ao Rotary Club e voltado a jovens de 12 a 18 anos.
O objetivo, segundo ela, é desenvolver companheirismo, aprender a trabalhar em equipe e a desenvolver os mais variados projetos sociais, além do espírito de liderança. “Estamos em formação para sermos futuros rotarianos”, explica, contando que o grupo é novo na cidade – vai completar um ano em abril -, mas que há pelo menos quatro anos, quando seu pai se tornou um rotariano, ela está apaixonada pela chance de poder trabalhar para ajudar ao próximo.
Em Jundiaí, há seis Rotary Clubs em funcionamento, sendo o mais antigo o Rotary Club de Jundiaí. A instituição tem projetos de peso e bastante expressivos para a comunidade jundiaiense como um todo – construção da escola Rotary, doada ao poder público, ajuda na viabilização da FMJ (Faculdade de Medicina de Jundiaí), construção e administração ao longo de mais de três décadas da Associação de Educação do Homem de Amanhã (Guardinha), responsável pela formação de mais de dez mil adolescentes até hoje, entre tantos outros.
O lema é ‘dar de si antes de pensar em si’. Na teoria, soa muito bonito. Mas não é tarefa fácil praticar tal feito. E, com isso, tanto a jovem Carolina, ainda inexperiente e dando seus primeiros passos como uma ‘rotariana’, quanto qualquer veterano da instituição concordam. Para fugir do comum e fazer a diferença em um mundo tão violento, egoísta e discriminatório, é preciso muita dedicação, força de vontade e, porque não, ter espírito voluntário como parte da personalidade. Não é para qualquer um. Talvez por isso o Rotary seja uma instituição tão seletiva, embora tenha evoluído com o passar dos anos – hoje mulheres já podem participar, por exemplo, mas qualquer novo rotariano tem de ser indicado por algum membro do clube e o nome do convidado, antes que o convite oficial seja formalizado, é estudado pela diretoria. “A pessoa tem de ter comprometimento, vontade de trabalhar pelos outros e, inclusive, tempo disponível para isso”, explica o construtor Gabriel Vitor Cappuccelli, 54, atual presidente do Rotary Cl
ub Jundiaí e rotariano há oito anos.
 
Missão / “Uma vez, coloquei vários móveis em cima da minha caminhonete para irmos entregar em uma associação da cidade que estávamos ajudando a melhorar sua infraestrutura. Até hoje, lembro do sorriso no rosto das pessoas que seriam beneficiadas por aquilo tudo. Não tem explicação”, recorda Gabriel, comentando que não se trata de dar dinheiro e achar que isso é o suficiente quando se tem um pouco mais do que os outros. “É trabalhar mesmo para garantir mais qualidade de vida a outras pessoas, é colocar a mão na massa como colocamos quando realizamos, por exemplo, uma noite da pizza para arrecadar verbas. A gente faz a pizza”, diz.
E dar de si vai muito além do que algumas pessoas possam imaginar. É ajudar materialmente, como o Rotary tem costume de fazer com instituições sociais, mas é ainda conseguir perceber necessidades emocionais. Há ações com esse foco, também. Uma das mais recentes, ainda de acordo com o presidente do Rotary Club Jundiaí, foi um evento organizado em um asilo. Os rotarianos prepararam uma festa para os idosos moradores deste local, com direito a banda e muita dança. “Eles não estavam precisando de nada material. A gente foi lá, dançou com eles, nos divertimos todos juntos e foi o máximo. Isso é doar seu tempo para o outro”, enfatiza.
Comemoração
Para festejar o aniversário de fundação do Rotary Internacional e o dia do rotariano, amanhã ocorrerá um evento no Parque da Cidade. “Leitura no Parque”, de acordo com a professora e rotariana Márcia Delamanha, tem como objetivo incentivar o hábito de leitura entre adultos e crianças. “A ideia é que as pessoas levem os livros para casa, mas depois devolvam ou então repassem para outros conhecidos lerem. O que não pode é deixar livro parado em casa”, explica.
Auxílio bem-vindo
Um dos projetos atualmente em andamento pelo Rotary visa beneficiar pessoas com deficiência auditiva. O objetivo é arrecadar verba e comprar aparelhos para as pessoas que estão na fila de espera, com demora de mais de um ano. “Ele está sendo avaliado pelo Rotary Internacional, teremos uma verba de 25 mil dólares se for aprovado para a compra de 140 aparelhos, em média”, explica Márcia, contando que já houve outra ação com a Ateal, quando o Rotary instalou um parque adaptado na praça ao lado da instituição.
Experiências compartilhadas com foco num mesmo objetivo: ações bem-sucedidas
Hélio Villanueva Ayala, 55, empresário, e Benedicto Cergoli, 84, alfaiate, representam dois extremos de rotarianos: Hélio é um dos novatos do Rotary Club Jundiaí e, Benedicto, um dos mais antigos de casa. Em comum, está a vontade de servir ao próximo, de ser útil dentro de suas possibilidades. “Se você entra no Rotary, tem um objetivo. As experiências têm sido a cada dia mais emocionantes. E isso faz não querer parar”, diz Hélio, rotariano há dois anos.
Para Benedicto, o companheirismo é o que motiva. E o benefício próprio, de acordo com ele, é muito maior do que a ajuda oferecida a quem precisa. “Já realizei muita coisa em todas essas décadas. Só o tempo que estou aqui já diz tudo, é o maior testemunho do que é essa convivência entre rotarianos”, afirma.
Para Mariza Ferreira Pinto, 60, professora e primeira mulher a ser presidente do Rotary Club Jundiaí, no ano passado, “ajudar ao outro humaniza, faz você ter um olhar diferente do mundo e aprender a julgar menos as pessoas”.